Ao fim são muito poucas as palavras
que nos doem a sério e muito poucas
as que conseguem alegrar a alma.
São também muito poucas as pessoas
que tocam o nosso coração e menos
ainda as que o tocam muito tempo.
E ao fim são pouquíssimas as coisas
que em nossa vida a sério nos importam:
poder amar alguém, sermos amados
e não morrer depois dos nossos filhos.
Amalia Bautista
Poesia
sexta-feira, 4 de junho de 2021
Amedeo Modigliani (1884-1920)
Vida passajada, alinhavada
Cerzida, em ponto de cruz, ou de estrada,
Ou de pérola, tenho-te tratado
Com todos os cuidados -
E tu, madrasta, sempre
Logo num ai devoras o almoço que eu
Preparei com tanto amor, a manhã inteira.
Sempre a começar de novo, sempre a dar-me outra manhã,
Quando a de ontem já me bastava para toda a vida.
Manuel Resende, Poesia Reunida.
O sabonete
Que orgulhoso, que ativo no início
o seu aroma. Por quantas mãos passou,
que desinteressado serviu, e de cada vez
lá ficava a sujidade. E. ele sempre imaculado.
Desgastando-se sem uma queixa.
E assim consumindo-se, mirrando,
sem se dar por ela, já muito fino,
quase transparente.
Até que uma manhã
Acabou por desaparecer, não ficou nada
Hans Magnus Hezensberger
Poesia
terça-feira, 20 de abril de 2021
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